sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Uma carta não enviada

Eu só queria dizer a você que ainda guardo aquela mecha de cabelo na minha gaveta da cabeceira, que o seu shampoo ainda está no meu banheiro e que eu nunca mais vou ver aquele filme mulherzinha que você me deu de Natal.
Eu até pensei em te ligar pra avisar que você estava errada sobre Nietzsche, ele não era gay, que Chopin era sim tuberculoso e que Simone de Beauvoir casou com Sartre por amor.
Queria que você ao menos escutasse aquela música que chamávamos de nossa, que não era bossa nova, mas cantava o amor como ninguém.
Precisava abrir meu correio e ver uma mensagem sua, mesmo que fosse ríspida e curta, só pra me dar o álibi de poder te responder.

Tentei fechar a porta faz tempo, já nem me lembro da data de casamento, já não sei se o que restou em mim é só invenção.

Apaga de vez esse sofrimento, nem que seja por você...se muda pra Marte, vá estudar Arte em Roma, vá pro Diabo...saia de mim!

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